13/08/2024 às 18:40
O Movimento Pessoas à Frente lança, nesta segunda-feira (12/08), um estudo inédito que avalia os avanços que a nova lei para modernização de concursos públicos, prevista para ser votada nesta semana no Senado Federal, garantirá ao Brasil. O documento, denominado “A hora e a vez da modernização dos concursos públicos no Brasil”, traz uma análise sobre os certames, experiências internacionais e o que pode melhorar com o Projeto de Lei 2.258/2022. Além da votação do PL, esta semana marca também a realização das provas do Concurso Público Nacional Unificado.
A publicação tem como mote central a janela de oportunidades para a aprovação do Projeto de Lei. Após aprovação unânime em votação simbólica na Câmara dos Deputados, a expectativa é que o tema seja validado também no Senado Federal. “Este é um marco para o Brasil, pois será a primeira lei nacional, com normas gerais, sobre concursos públicos para todas as esferas federativas”, destaca Vera Monteiro, professora de Direito Administrativo da FGV-SP e integrante do Movimento Pessoas à Frente.
O PL em questão trata das normas relativas a concursos públicos para recrutamento e seleção na administração pública federal, extensível a estados e municípios. O texto atual, que se encontra no Senado Federal desde o segundo semestre de 2022, está sob apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
De acordo com Fernando Coelho, pesquisador responsável pelo estudo e professor da Universidade de São Paulo (USP), “o levantamento produzido tem como objetivo apresentar um diagnóstico aprofundado do PL, desde sua origem até os embates durante a tramitação na Câmara dos Deputados, para subsidiar as discussões no Senado, incluindo sua aprovação, bem como, a posteriori, a implementação da lei e a regulamentação de seus dispositivos”.
De acordo com a Nota Técnica, o projeto é inovador por natureza: com apenas 13 artigos, o texto promove o convite à inovação responsável garantindo segurança jurídica para tal, a partir de elementos como o fortalecimento das comissões organizadoras – que deverão contar em sua totalidade com servidores públicos, responsáveis do planejamento à implementação dos certames -, a racionalização dos concursos públicos à luz do dimensionamento de pessoal e sua integração à execução de certames, além de prever a possibilidade de concursos realizados à distância, após regulamentação.
Em seu ponto central, o PL aborda o fomento à inovação nas formas e elementos de avaliação dos candidatos para além das provas objetivas, customizando o processo de seleção às atribuições de cada cargo e emprego público a partir de instrumentos para aferir conhecimentos técnicos, habilidades práticas e competências inter-relacionais.
“Há dois dispositivos propostos no Projeto de Lei que de alguma forma estão previstos ou abrem a expectativa de sua aplicação em um novo Concurso Público Nacional Unificado. Por um lado, um passo muito importante, talvez o mais inovador em termos de elemento avaliativo, que o CPNU levou à frente é a previsão de uma etapa destinada a curso de formação específico, de caráter classificatório e/ou eliminatório, para algumas das vagas disponibilizadas”, explica Coelho.
O curso de formação permite que o candidato tenha uma espécie de imersão controlada no ambiente de trabalho que assumirá caso conquiste a vaga, e permite que os avaliadores
possam analisar os conhecimentos e habilidades próprios da função pública que o servidor desempenhará.
Por outro lado, o PL prevê a cooperação entre órgãos, inclusive entre entes subnacionais para a realização de certames conjuntos por meio de comissão organizadora interna ou entidade pública especializada na seleção, capacitação ou avaliação de servidores públicos.
“O ganho de eficiência dessa primeira experiência de concurso unificado pode crescer exponencialmente se, por meio da aprovação do PL 2.258, municípios se unirem para replicá-lo em escala local, com ganho de expertise técnica – muitos municípios de menor porte têm pouca e normalmente terceirizam seus concursos nos modelos tradicionais -, eficiência e efetividade, com uma seleção de qualidade dos melhores candidatos para cada vaga”, afirma Monteiro.
A adoção de um concurso unificado também segue práticas internacionais de sucesso: países como Portugal e França já adotaram iniciativas similares.
Apesar dessas inovações do CPNU, as próprias experiências internacionais mostram que ele poderia ser ainda mais inovador. Dois elementos aplicados no caso português demonstram isso: para além dos instrumentos utilizados no caso brasileiro, Portugal conta com a possibilidade, já regulamentada, da realização de provas virtuais – aumento da inclusão e acessibilidade – e uma etapa posterior de entrevista com o órgão que receberá o novo servidor, o que promove um ponto essencial da modernização de concursos públicos: a possibilidade de avaliar competências que vão além das habilidades vistas em provas, sejam objetivas ou dissertativas.
Estas e muitas outras inovações e elementos de modernização de recrutamento e seleção de servidores públicos poderiam constar no CPNU caso o Congresso Nacional já houvesse aprovado o Projeto de Lei 2.258/2022, a Lei Nacional de Modernização dos Concursos.
Ainda segundo Monteiro, “quem mais faz concurso são os municípios, e é quem tem mais dificuldade para fazê-lo”. De acordo com dados do Censo dos Concursos Públicos, realizado pela QConcursos e pela Folha Dirigida, foram realizados mais de 10 mil concursos entre janeiro e outubro de 2023, com mais de 58 mil vagas disponibilizadas. A distribuição federativa desses concursos foi de 13% federais, 50% estaduais e 37% municipais, sendo que o número de concursos estaduais, segundo a análise do Censo, foi atípico e puxou inclusive o total de concursos para cima.
O PL 2.258 se propõe a regulamentar os concursos públicos nacionalmente, de forma inédita na legislação brasileira. Seu caráter autorizativo permite que estados e municípios diversifiquem as formas de avaliar os candidatos a cargos em seus órgãos e entidades. Esse é um “um aceno para sua adoção nos governos subnacionais, nomeadamente nos municípios de médio e pequeno porte que, frequentemente, não têm capacidade estatal para uma produção legislativa própria e recorrem ao mimetismo institucional dos preceitos legais dos demais entes da federação”, diz o estudo.
O documento traz, ainda, recomendações de diretrizes para uma agenda de trabalho no pós-aprovação do PL, considerando os dois anos subsequentes do governo atual (2025-2026). São fatores críticos de sucesso para o processo de implementação e monitoramento dessa norma.
Ao todo, são sete diretrizes prescritas (indução, evidência de boas práticas, alinhamentos das normas, experimentação, articulação, capacitação e monitoramento), que passam por pontos como elaboração de material de comunicação em linguagem não jurídica para que gestores públicos conheçam a norma, construção de banco de boas práticas de concursos públicos no Brasil, revisão legal do decreto que estabelece normas para os concursos federais, experimentação inicial de formas de inovação em órgãos e entidades interessados na modernização de seus concursos, aproximação com órgãos de controle como Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público da União (MPU) para diminuir o risco de litígios judiciais nas novas provas, estruturação de programas de capacitação sobre estratégias e técnicas para a modernização dos concursos, regulamentação dos certames on-line e das entrevistas, entre outros.
Nome | Setor | Cargo |
---|---|---|
Adriano Amorim | Órgãos de Controle | Tribunal de Contas da União (TCU) (Comitê de Governança) |
Alessandro Molon | Especialista | Partido Socialista Brasileiro (PSB) |
Aline Fabiana Timm Cesário | Órgãos de Controle | Auditora Federal de Controle Externo, Tribunal de Contas da União (TCU) |
Alketa Peci | Especialista | Professora, EBAPE/FGV |
André Anderson | Órgãos de Controle | Secretário de Planejamento, Gestão e Governança, Tribunal de Contas da União (TCU) |
André Luiz Marques | Organizações do Terceiro Setor | Coordenador Executivo do Centro de Gestão e Políticas Públicas Insper |
Andrea Quadros Pasquini | Governo Estadual | Diretora de Gestão de Pessoas do RS, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do RS |
Anna Migueis | Organizações do Terceiro Setor | Pesquisadora, Sociedade Brasileira de Direito Público (SBDP) |
Bruna Santos | Organizações do Terceiro Setor | Diretora, Wilson Center Brazil Institute |
Bruno Betat | Organizações do Terceiro Setor | Instituto Gesto e Vetor Brasil |
Bruno Simões | Governo Municipal | Prefeitura de São Paulo |
Caio César de Medeiros Costa | Organizações do Terceiro Setor | Presidente da SBAP |
Carlos Ari Sundfeld | Organizações do Terceiro Setor | SBDP, Professor Titular FGV Direito SP (Comitê de Governança) |
Cezar Miola | Órgãos de Controle | Presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil - Atricon |
Cibele Franzese | Especialista | Professora e Coordenadora FGV/EAESP (Comitê de Governança) |
Clarissa Malinverni | Organizações do Terceiro Setor | Fundação Lemann |
Conrado Tristão | Organizações do Terceiro Setor | Coordenador do Núcleo de Inovação da Função Pública - Sociedade Brasileira de Direito Público (sbdp) |
Cristiano Heckert | Organizações do Terceiro Setor | Diretor-Presidente da Funpresp-Exe |
Daniel Duque | Organizações do Terceiro Setor | Head de Inteligência Técnica, CLP |
Daniel Ortega Nieto | Especialista | Especialista Sênior em Setor Público, Banco Mundial |
Denise Silva | Organizações do Terceiro Setor | Instituto Gesto e Vetor Brasil |
Diogo Godinho Ramos Costa | Organizações do Terceiro Setor | Intituto Millenium |
Douglas Andrade da Silva | Governo Federal | Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) |
Edilberto Carlos Pontes Lima | Organizações do Terceiro Setor | Instituto Rui Barbosa |
Edison Franklin Almeida | Órgãos de Controle | Auditor Federal de Controle Externo Tribunal de Contas da União (TCU) |
Eduardo Viana Almas | Governo Federal | Ministério da Economia |
Elisa Midori Okamura | Governo Federal | Assistente na Coordenação-Geral de Arquitetura de Carreiras deste Departamento de Carreiras e Desenvolvimento de Pessoas, Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia |
Eloy Oliveira | Organizações do Terceiro Setor | República.org |
Emilia Carvalho | Organizações do Terceiro Setor | Coordenadora de Mobilização, CLP |
Érika Nascimento | Governo Estadual | Seduc SP |
Evelyn Levy | Especialista | Especialista sênior em Gestão Pública / FGV |
Fabricio Marques Santos | Governo Estadual | Secretário de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Regional de Pernambuco e presidente do Conselho Nac. de Sec. de Estado do Planejamento-CONSEPLAN (Comitê de Governança) |
Faviane Teixeira | Organizações do Terceiro Setor | Gerente de Apoio Estratégico a Governos Vetor Brasil |
Felipe Drumond | Setor privado | Elo |
Fernando de S. Coelho | Especialista | Professor USP |
Flavia Pimenta | Governo Estadual | Gestora Governamental de MT |
Francisco Gaetani | Governo Federal | Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) (Comitê de Governança) |
Frederico Carvalho Dias | Órgãos de Controle | Tribunal de Contas da União (TCU) (Comitê de Governança) |
Gabriela Lotta | Especialista | FGV (Comitê de Governança) |
Gláucia Macedo | Organizações do Terceiro Setor | Instituto Humanize |
Guilherme Coelho | Organizações do Terceiro Setor | República.org |
Hamilton Caputo | Órgãos de Controle | Secretário de Controle Externo em SP no Tribunal de Contas da União · |
Haroldo Rocha | Organizações do Terceiro Setor | Movimento Profissão Docente (Comitê de Governança) |
Helena Wajnman | Organizações do Terceiro Setor | República.org (Comitê de Governança) |
Humberto Falcão | Organizações do Terceiro Setor | Fundação Dom Cabral (Comitê de Governança) |
Ieda Aparecida de Moura Cagni | Advocacia Pública | Secretária-Geral de Administração , Advocacia-Geral da União (AGU) |
Inês Coimbra | Advocacia Pública | Procuradora Geral do Estado de São Paulo |
Iracema Keila Castelo Branco | Governo Estadual | Subsecretária de Gestão de Pessoas, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do RS |
Isabela Menon | Organizações do Terceiro Setor | CLP |
Jéssika Moreira | Organizações do Terceiro Setor | Cofundadora do Íris: Laboratório de Inovação e Dados do Governo do Ceará | Rede de Líderes Fundação Lemann |
João Paulo Mota | Organizações do Terceiro Setor | Instituto Publix |
Joice Toyota | Organizações do Terceiro Setor | Vetor Brasil (Comitê de Governança) |
José Roberto Baldivia Junior | Organizações do Terceiro Setor | Instituto Gesto |
Juliana Bonacorsi de Palma | Especialista | Professora e pesquisadora Grupo Público – FGV Direito SP |
Kiki Mori | Governo Federal | Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) |
Leonardo Secchi | Especialista | Professor de Políticas Públicas e Administração Pública |
Leticia Biaggion | Organizações do Terceiro Setor | Fundação Lemann |
Luana Dratovsky | Organizações do Terceiro Setor | Instituto Gesto |
Lucas Ambrozio Lopes da Silva | Governo Municipal | Prefeitura de São Paulo |
Lucas Cardoso | Organizações do Terceiro Setor | CEO, Dendezeiro |
Luciana Silva Custódio | Governo Estadual | Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, Governo do Estado de Minas Gerais |
Marcelo Ribeiro | Governo Estadual | Secretário Adjunto de Gestão de Pessoas · Secretaria Estadual de Educação do Estado do Pará (SEDUC-PA) |
Marcos Santos Kroll | Governo Federal | Diretor(a) do Departamento de Modelos Organizacionais - Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) |
Mariano Lafuente | Especialista | Especialista Líder em Modernização do Estado no BID |
Mario Woortmann | Organizações do Terceiro Setor | Instituto Publix |
Marizaura Camões | Governo Federal | Coordenadora-Geral da Unidade de Insights Comportamentais · Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos |
Michael Cerqueira | Especialista | Consultor de Gestão Pública |
Monica Bernardi | Organizações do Terceiro Setor | Fundação João Pinheiro |
Natalia Teles da Mota | Especialista | ENAP |
Oton Araujo Duarte da Silva | Governo Municipal | Prefeitura do Rio de Janeiro |
Paulo Lino Gonçalves | Sindicato | Presidente, Sinal – Sind. Nac. Func. Banco Central |
Pedro Pontual | Governo Federal | Casa Civil (Comitê de Governança) |
Rafael Leite | Organizações do Terceiro Setor | Consultor, Fundação Lemann |
Rafaela Bastos | Organizações do Terceiro Setor | Presidente da Fundação João Goulart – Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro |
Renata Vilhena | Organizações do Terceiro Setor | Fundação Dom Cabral (Comitê de Governança) |
Renato Sérgio de Lima | Organizações do Terceiro Setor | Fórum Brasileiro de Segurança Pública |
Ricardo Alberto Kanayama | Organizações do Terceiro Setor | Advogado e pesquisador, Sociedade Brasileira de Direito Público (sbdp) |
Rudinei dos Santos Marques | Sindicato | Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) (Comitê de Governança) |
Sérgio Andrade | Organizações do Terceiro Setor | Agenda Pública |
Sérgio Praça | Especialista | Professor e pesquisador da Escola de Ciências Sociais (CPDOC) da FGV |
Tâmara Andrade | Especialista | Professora e Especialista em gestão de pessoas e diversidade |
Tatiana Ribeiro | Organizações do Terceiro Setor | Movimento Brasil Competitivo (MBC) (Comitê de Governança) |
Thiago Peixoto | Organizações do Terceiro Setor | Movimento Profissão Docente |
Tiago Mitraud | Especialista | Partido NOVO (Comitê de Governança) |
Vera Monteiro | Especialista | Advogada e Professora de direito administrativo da FGV Direito SP (Comitê de Governança) |
Weber Sutti | Organizações do Terceiro Setor | Diretor, Fundação Lemann (Comitê de Governança) |